Bom Plantio

O algodão é uma das culturas mais importantes do agronegócio brasileiro e global, ocupando papel central na indústria têxtil, biodiesel, alimentação animal e diversos setores industriais. Também conhecido como “ouro branco”, o algodão oferece oportunidades significativas de rentabilidade quando cultivado com conhecimento técnico adequado, planejamento estratégico e manejo integrado de recursos.

Este guia completo oferece informações profundas e práticas para produtores que desejam cultivar algodão de forma eficiente e rentável, abrangendo pequenas propriedades até operações agrícolas em larga escala. Abordaremos desde a análise de clima e solo, passando por escolha de variedades, técnicas modernas de cultivo, manejo integrado de pragas e doenças, até estratégias de comercialização e otimização de lucro.

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Parte 1: Análise de Viabilidade e Planejamento Inicial

Importância do Planejamento Prévio

Antes de investir em algodão, é crucial realizar análise detalhada de viabilidade. Diferentemente de outras culturas, o algodão exige:

  • Investimento inicial significativo em infraestrutura
  • Conhecimento técnico especializado
  • Acesso a tecnologia moderna (agroquímicos, maquinário)
  • Mercado consumidor estabelecido
  • Capital de giro suficiente para manutenção da lavoura
  • Seguro agrícola recomendado

Checklist de Viabilidade

Antes de iniciar cultivo de algodão, valide:

  • ✓ Disponibilidade de água (chuva ou irrigação)
  • ✓ Solo com potencial comprovado
  • ✓ Acesso a insumos especializados na região
  • ✓ Mercado para escoamento da produção
  • ✓ Capital inicial para primeira safra
  • ✓ Disponibilidade de mão de obra especializada
  • ✓ Associação com produtores ou cooperativas locais
  • ✓ Conformidade com legislação ambiental (especialmente em Cerrado e Amazônia Legal)

Parte 2: Clima e Condições Edáficas Ideais

Requisitos Climáticos Detalhados

O algodão é extremamente sensível a variações climáticas. Compreender seus requisitos é fundamental para sucesso.

Temperatura

Faixa Ótima de Desenvolvimento:

  • Mínimo absoluto: 15-17°C (abaixo disso, há paralisação de crescimento)
  • Faixa ótima: 24-30°C (máximo crescimento e desenvolvimento)
  • Máximo tolerável: 32-35°C (acima disso, reduz frutificação)
  • Crítico para germinação: Mínimo 18°C para emergência adequada

Fases Críticas de Temperatura:

  1. Germinação e Emergência (0-15 dias): Temperatura mínima de 18-20°C essencial
  2. Desenvolvimento Vegetativo (15-45 dias): 25-28°C ideal
  3. Floração (45-120 dias): Acima de 26°C; excesso de calor reduz retenção de flores
  4. Frutificação e Maturação (120-180 dias): 22-28°C ideal; importante variação dia-noite

Precipitação e Distribuição Hídrica

Demanda Total de Água:

  • Média: 600-1.000 mm para ciclo completo
  • Varia conforme: clima, solo, variedade, manejo

Distribuição Crítica:

Fase Período Demanda Distribuição Ideal
Emergência 0-15 dias Moderada Chuvas frequentes
Desenvolvimento 15-60 dias Máxima 400-500 mm bem distribuídos
Floração 60-120 dias Crítica Distribuição uniforme sem excesso
Frutificação 120-160 dias Alta Moderada, sem encharcamento
Maturação 160-180 dias Mínima Seco para abertura de capulhos

Distribuição Problemática:

  • Chuva excessiva em frutificação → apodrecimento de capulhos
  • Seca prolongada durante floração → queda de flores
  • Umidade alta na maturação → dificulta colheita e reduz qualidade

Radiação Solar

  • Requisito mínimo: 1.200-1.500 horas de luz direta anualmente
  • Ótimo: 1.800-2.200 horas de luz/ano
  • Menos luz → plantas altas e improdutivas, maior susceptibilidade a doenças

Escolha de Região: Zonas Ideais no Brasil

Região Centro-Oeste (Melhor Potencial)

  • Estados: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás
  • Vantagens: Clima favorável, solos virgens ou bem preparados, infraestrutura de insumos
  • Ciclo ideal: Outubro a março/abril
  • Produtividade média: 50-60 sacas/hectare (em condições boas)

Região Sudeste (Bom Potencial)

  • Estados: Minas Gerais, São Paulo
  • Vantagens: Tecnologia disponível, mercado próximo
  • Desvantagem: Algumas áreas com historicidade de pragas
  • Ciclo: Outubro a março
  • Produtividade média: 45-55 sacas/hectare

Região Nordeste (Desafiador)

  • Estados: Bahia, Paraíba, Mato Grosso do Norte
  • Vantagens: Ciclo mais curto, adaptação local
  • Desvantagens: Clima mais irregular, chuva concentrada
  • Ciclo: Fevereiro a julho
  • Produtividade média: 35-50 sacas/hectare

Região Norte (Não Recomendado)

  • Razões: Clima muito úmido, alta incidência de pragas e doenças, desvantagens ambientais

Características de Solo Ideais

Textura e Estrutura

Solos Ideais para Algodão:

O algodão prospera melhor em solos bem estruturados com boa drenagem.

  • Melhor tipo: Solo franco-argiloso a argiloso (40-60% argila)
  • Aceitáveis: Solos franco-arenosos (30-40% argila) após correção
  • Problemáticos: Solos muito arenosos (< 20% argila) – exigem frequente irrigação
  • Inadequados: Solos com horizonte impermeável raso

O Que Avaliar na Análise de Textura:

  • Capacidade de retenção de água
  • Permeabilidade e drenagem
  • Agregação do solo (resistência à compactação)
  • Profundidade efetiva do solo (mínimo 80 cm)

pH e Características Químicas

pH Ótimo para Algodão: 5,8 a 7,0

  • Abaixo de 5,5: Necessária calagem urgente
  • Entre 5,5-5,8: Calagem recomendada
  • Entre 5,8-6,5: Ótimo range produtivo
  • Entre 6,5-7,0: Bom, com atenção a micronutrientes
  • Acima de 7,5: Problema com disponibilidade de zinco e manganês

Nutrientes Críticos no Solo:

Nutriente Nível Crítico Bom Alto
Nitrogênio (N) < 0,5% 0,5-0,7% > 0,7%
Fósforo (P) < 5 ppm 10-15 ppm > 20 ppm
Potássio (K) < 40 ppm 80-120 ppm > 150 ppm
Cálcio (Ca) < 1,5 mEq > 2,5 mEq > 4 mEq
Magnésio (Mg) < 0,5 mEq > 1 mEq > 1,5 mEq
Boro (B) < 0,5 ppm 0,8-1,5 ppm > 2 ppm
Zinco (Zn) < 0,5 ppm 1-2 ppm > 3 ppm

Matéria Orgânica

  • Mínimo recomendado: 2% de matéria orgânica
  • Ótimo: 3-4% em solos minerais
  • Benefícios: Melhor estrutura, maior CTC, maior retenção de água, maior população microbiana

Solos com baixa matéria orgânica (< 2%):

  • Exigem mais irrigação
  • Maior lixiviação de nutrientes
  • Mais compactação
  • Recomenda-se adicionar 10-20 toneladas de composto/esterco curtido por hectare

Análise de Solo: O Passo Inicial Obrigatório

Por que analisar o solo:

  1. Define necessidade exata de corretivos
  2. Evita investimento desnecessário
  3. Identifica deficiências antes do cultivo
  4. Baseline para monitoramento futuro

O Que Solicitar em Análise Profissional:

  • Textura completa (areia, silte, argila)
  • Matéria orgânica
  • pH (em água e em cloreto de potássio)
  • Macronutrientes: N, P, K, Ca, Mg, S
  • Micronutrientes: B, Cu, Fe, Mn, Zn
  • Acidez potencial (Al+H)
  • CTC (Capacidade de Troca Catiônica)
  • Saturação de bases

Onde Fazer:

  • Laboratório da EMATER/EMBRAPA estadual
  • Laboratórios privados especializados
  • Extensão agrícola municipal

Custo: R$ 150-300 por amostra (investimento que retorna várias vezes)

Parte 3: Escolha da Variedade e Genética

Tipos de Algodão: Arbóreo vs. Herbáceo

Algodão Arbóreo

  • Ciclo: 7-8 anos (muito longo)
  • Tamanho: Árvore grande, 2-4 metros
  • Uso: Quase desaparecido comercialmente no Brasil
  • Razão: Colheita difícil, ciclo longo, baixa rentabilidade
  • Status: Não recomendado para novo cultivo comercial

Algodão Herbáceo

  • Ciclo: 4-6 meses (apropriado para agronegócio)
  • Tamanho: Planta baixa, 0,8-1,5 metros
  • Uso: 99% do algodão cultivado comercialmente
  • Vantagens: Colheita mecanizável, ciclo curto, alta rentabilidade
  • Recomendação: Opção obrigatória para produção comercial

A partir daqui, toda recomendação é para algodão herbáceo.

Variedades Disponíveis: Características e Adaptação

O Brasil possui variedades melhoradas pela EMBRAPA, universidades e empresas privadas. Escolha depende de: clima local, histórico de pragas, preferência de fibra, resistência genética.

Variedades EMBRAPA (Públicas/Royalties Baixos)

BRS 368 RF

  • Resistência a: Fusário
  • Características: Planta compacta, ciclo curto
  • Produtividade: 45-55 sacas/hectare
  • Melhor em: Regiões com histórico de Fusário
  • Fibra: Boa qualidade

BRS 286

  • Resistência a: Resistência múltipla
  • Características: Ciclo médio, produtiva
  • Produtividade: 50-60 sacas/hectare
  • Melhor em: Centro-Oeste
  • Fibra: Qualidade superior

BRS 335

  • Resistência a: Bacteriose, Ramulária
  • Características: Ciclo longo, muito produtiva
  • Produtividade: 55-65 sacas/hectare
  • Melhor em: Sudeste, com bom manejo
  • Fibra: Excelente qualidade

Variedades Privadas (Transgenicas com Royalties)

FM 975WS

  • Tipo: Bt (resistência a insetos) + HT (herbicida tolerante)
  • Produtividade: 50-60 sacas/hectare
  • Características: Boa adaptação, fibra fina
  • Custo de sementes: Mais alto (royalties)
  • Melhor em: Áreas com alta pressão de pragas

IMA 5675

  • Tipo: Bt
  • Produtividade: 55-65 sacas/hectare
  • Características: Ciclo médio, resistente a pragas
  • Custo: Moderado
  • Melhor em: Regiões com bicudo e lagarta

FMT 209 (FMG 301)

  • Tipo: Convencional melhorado
  • Produtividade: 45-55 sacas/hectare
  • Características: Rústica, ciclo curto
  • Custo: Baixo (sem royalties)
  • Melhor em: Produtores com orçamento limitado

Critérios para Escolha da Variedade Ideal

1. Adequação ao Clima Local

  • Escolha variedade testada em sua região
  • Ciclo deve encaixar com padrão de chuvas
  • Temperatura mínima deve ser compatível

2. Histórico de Pragas/Doenças

  • Região com Fusário? Escolha resistente
  • Bicudo dominante? Opte por Bt ou MIP intensivo
  • Bacteriose prevalente? Verifique resistência

3. Qualidade de Fibra Desejada

  • Fibra fina (comprimento > 30 mm, finura 3,5-4): Prêmio de preço
  • Fibra média (comprimento 28-30 mm): Padrão comercial
  • Fibra curta: Menos valiosa

4. Resistência Genética

  • Prefira variedades com múltiplas resistências
  • Reduz necessidade de agroquímicos
  • Menor custo em longo prazo

5. Histórico na Região

  • Consulte produtores vizinhos
  • Verifique recomendação de EMATER/EMBRAPA
  • Teste pequena área antes de expansão (máximo 10% da propriedade)

6. Custo-Benefício

  • Variedades Bt: Royalties 12-18% da colheita
  • Variedades melhoradas convencionais: Royalties 5-10%
  • Variedades EMBRAPA: Royalties 0-5%
  • Investimento maior em Bt se pressão de pragas for alta

Obtenção de Sementes de Qualidade

Onde Comprar:

  • Fornecedores credenciados de sementes
  • Cooperativas agrícolas locais
  • Diretamente de empresas de melhoramento (em grandes volumes)
  • Verifique sempre certificação de origem

Critérios de Qualidade:

  • Pureza varietal: > 99%
  • Germinação: > 85%
  • Sementes inteiras, bem formadas
  • Sem danos mecânicos ou pragas
  • Certificado oficial disponível

Armazenamento de Sementes:

  • Temperatura: 15-20°C
  • Umidade: 8-12%
  • Local: Seco, protegido de pragas
  • Viabilidade: 12 meses (máximo 18 meses em boas condições)

Parte 4: Preparação do Solo e Plantio

Análise e Correção do Solo

Calagem (Correção de Acidez)

Se pH < 5,8, é necessária calagem:

Cálculo de Calcário Necessário:

  • Usar fórmula PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total)
  • Exemplo: pH 5,0, necessidade de 2 toneladas de calcário PRNT 100%
  • Aplicar 2-3 meses antes do plantio

Tipos de Calcário:

  • Calcário calcítico: 50-55% Ca (regiões com baixo Mg)
  • Calcário dolomítico: 30% Ca + 18% Mg (melhor opção em geral)
  • Calcário magnesiano: Alto Mg (para solos deficientes)

Modo de Aplicação:

  • Distribuir uniformemente em toda a área
  • Incorporar mecanicamente (arações)
  • Deixar repousar 2-3 meses antes do plantio

Adubação de Base (Antes do Plantio)

Para Solos com Fósforo Baixo (< 10 ppm):

Aplicar de 60-150 kg de P₂O₅/hectare, dependendo:

  • Nível inicial de P no solo
  • Histórico de adubação
  • Potencial produtivo esperado

Opções:

  • Superfosfato simples: 60-100 kg/ha (com S adicional)
  • Fosfato de rocha + microbial: 80-100 kg/ha (para solos ácidos)
  • MAP ou DAP: 60-80 kg/ha (forma concentrada)

Para Solos com Potássio Baixo (< 80 ppm):

Aplicar de 30-60 kg de K₂O/hectare:

  • Cloreto de potássio: 60 kg/ha (KCl)
  • Sulfato de potássio: 50 kg/ha (K₂SO₄)

Matéria Orgânica (em solos deficientes):

Se MO < 2%, incorporar:

  • Composto bem curtido: 10-20 ton/ha
  • Esterco bovino curtido: 15-20 ton/ha
  • Palha processada: 5-10 ton/ha

Aplicar com 1-2 meses de antecedência para decomposição parcial.

Preparo Mecanizado do Solo

Sistema Plantio Direto (Recomendado)

Vantagens:

  • Conserva matéria orgânica
  • Reduz erosão
  • Menor compactação
  • Economia de combustível
  • Sequestro de carbono

Desvantagens:

  • Requer cobertura vegetal prévia
  • Maior custo de herbicidas
  • Requer maquinário específico

Implementação:

  • Mantenha cobertura de palha (2-4 cm)
  • Use semeadora específica para plantio direto
  • Regulação: profundidade 3-5 cm, pressão adequada

Sistema Convencional (Tradicional)

Etapas:

  1. Aração profunda (25-30 cm) – 1 passada
  2. Gradagem (15-20 cm) – 2 passadas (2-3 semanas após aração)
  3. Levantamento de camalhões ou cama preparada para plantio

Timing:

  • Aradura: 2-3 meses antes do plantio
  • Última gradagem: 1 semana antes do plantio

Desvantagens:

  • Maior erosão
  • Redução de MO
  • Maior compactação com múltiplas passagens
  • Maior custo energético

Época de Plantio: Timing Crítico

Centro-Oeste (Melhor Potencial)

Período Ideal: Outubro a Novembro

  • Inicio: Primeira semana de outubro
  • Pico: Terceira semana de outubro a primeira de novembro
  • Final: Nunca após 30 de novembro

Razão: Coincide com início das chuvas, garante ciclo ideal de 130-160 dias com colheita em abril-maio

Clima Esperado:

  • Chuvas abundantes de outubro a fevereiro
  • Maturação natural com secura em março-abril

Sudeste (São Paulo, Minas Gerais)

Período Ideal: Outubro a Novembro (com ressalvas)

  • Pode estender até primeira semana de dezembro em anos atrasados
  • Risco maior de seca em dezembro-janeiro

Alternativa Possível: Plantio de Safrinha

  • Outubro a dezembro (para colheita julho-agosto)
  • Requer variedades adaptadas e risco maior

Nordeste (Bahia, Paraíba, Mato Grosso do Norte)

Período Ideal: Fevereiro a Março

  • Plantio após confirmação do início das chuvas de verão
  • Ciclo de 150-180 dias (colheita julho-setembro)

Risco: Irregularidade de chuvas requer sistema de irrigação complementar

Espaçamento e População de Plantas

Densidade Ótima

Objetivos do Espaçamento:

  • Evitar competição por luz, água e nutrientes
  • Facilitar mecanização de colheita
  • Reduzir incidência de doenças (melhor aeração)
  • Maximizar produtividade

Espaçamento entre Linhas

Espaçamento Situação Produtividade Notas
0,7 m Regiões secas, variedades compactas 45-50 sc/ha Risco de doenças
0,76 m Padrão em muitas regiões 50-60 sc/ha Ótimo equilíbrio
0,90 m Solos de baixa fertilidade 45-55 sc/ha Mais espaço por planta
1,0 m Regiões úmidas com risco de doenças 50-60 sc/ha Melhor aeração

Recomendação Geral: 0,76 a 0,9 metros para maioria das situações

Plantas por Metro Linear

Densidade Plantas/Ha Situação
8 plantas/m 105.000-120.000 Solos de alta fertilidade
10 plantas/m 130.000-150.000 Padrão recomendado
12 plantas/m 155.000-170.000 Solos muito férteis

Densidade Total Recomendada: 100.000-150.000 plantas/hectare


    • Técnica de Plantio

      Maquinário

      Semeadora Apropriada:

      • Para plantio convencional: Semeadora de precisão específica para algodão
      • Para plantio direto: Semeadora com haste dupla ou disco de corte
      • Importante: Distribuição homogênea, profundidade uniforme

      Profundidade de Plantio

      • Ideal: 2,5 a 4 cm de profundidade
      • Muito superficial: Sementes ressecam, germinação reduzida
      • Muito profundo: Emergência lenta, plântulas fracas
      • Em solo seco: Aumentar profundidade ligeiramente (até 5 cm) para atingir umidade

      Tratamento de Sementes

      Recomendado: Sempre que possível, usar sementes tratadas profissionalmente com:

      • Fungicidas (proteção contra patógenos do solo)
      • Inseticidas (proteção contra insetos de solo)
      • Polímeros (aderência e melhor contato)
      • Bioinoculantes (fixadores de N em alguns casos)

      Benefício: Reduz perdas de emergência em 10-20%, maior vigor inicial

      Parte 5: Manejo Hídrico e Tratos Culturais

      Necessidade Hídrica Detalhadapor Fase

      Fase 1: Emergência a Desenvolvimento (0-45 dias)

      Necessidade: 150-200 mm Distribuição: Frequente, bem distribuída Objetivo: Garantir emergência uniforme e crescimento vegetativo inicial

      Manejo de Chuva Natural:

      • Se chuva < 150 mm neste período: irrigar para completar
      • Se bem distribuída: normalmente adequado em região de chuvas

      Manejo de Irrigação:

      • Primeira rega: 3-5 dias após plantio se não houver chuva
      • Frequência: 1 rega a cada 7-10 dias
      • Volume: 30-50 mm por irrigação

      Fase 2: Floração (45-120 dias) – CRÍTICA

      Necessidade: 250-350 mm Distribuição: Crítica – deve ser regular e suficiente Objetivo: Suportar intensa demanda de água durante floração

      Impacto da Falta de Água:

      • Queda de flores e botões (abscisão floral)
      • Redução drástica de produtividade (até 50%)
      • Mudanças de alocação de nutrientes

      Impacto do Excesso de Água:

      • Excesso de vegetação, atraso na maturação
      • Maior susceptibilidade a doenças
      • Apodrecimento de capulhos

      Manejo Ótimo:

      • Chuva natural: Ideal 300+ mm distribuídos
      • Se regime irregular: Irrigações suplementares essenciais
      • Frequência: A cada 10-14 dias, 40-50 mm por irrigação
      • Controle: Monitorar umidade do solo

      Fase 3: Frutificação (120-160 dias)

      Necessidade: 150-200 mm Distribuição: Moderada, mais espaçada que floração Objetivo: Suportar desenvolvimento dos capulhos

      Manejo:

      • Chuva natural geralmente adequada
      • Se seca: Irrigações a cada 14-21 dias
      • Evitar excesso que prolongue ciclo

      Fase 4: Maturação (160-180 dias) – SECO

      Necessidade: 50-100 mm (ou nenhuma irrigação) Distribuição: Seco é desejável Objetivo: Facilitar abertura de capulhos, maturação de fibra

      Manejo:

      • Suspender irrigação 20-30 dias antes da colheita
      • Chuva nesta fase pode ser prejudicial:
        • Dificulta colheita
        • Reduz qualidade de fibra
        • Aumenta necessidade de secagem pós-colheita

      Sistemas de Irrigação Disponíveis

      Irrigação por Aspersão

      Vantagens:

      • Distribuição uniforme
      • Fácil ajuste de volume
      • Possível aplicação de fertilizantes (fertirrigação)

      Desvantagens:

      • Perda por evaporação (15-25%)
      • Menor eficiência em dias muito quentes
      • Alto custo inicial e operacional

      Recomendação: Melhor para áreas pequenas (< 50 ha)

      Irrigação por Gotejamento

      Vantagens:

      • Maior eficiência de água (85-95%)
      • Possibilita fertirrigação precisa
      • Reduz doenças foliares

      Desvantagens:

      • Custo inicial muito elevado
      • Requer manutenção (obstrução de gotas)
      • Não viável para grandes áreas em regiões de chuva

      Recomendação: Para regiões áridas ou semiáridas (Nordeste, caatinga)

      Cálculo de Necessidade de Água para Irrigação

      Fórmula Básica:

      Necessidade = ETp - Chuva esperada (em mm)

      Onde:

      • ETp = Evapotranspiração potencial (pode ser obtida de boletins agrometeorológicos locais)
      • Chuva esperada = precipitação prevista para o período

      Exemplo Prático:

      • ETp em janeiro (em Centro-Oeste) = 6 mm/dia = 180 mm/mês
      • Chuva esperada em janeiro = 150 mm
      • Necessidade de irrigação = 180 – 150 = 30 mm (se disponível, não precisa irrigar)

      Capina e Limpeza da Lavoura

      Período Crítico

      Primeira Capina: Dias 15-20 após emergência Segunda Capina: Dias 35-45 após emergência Período Crítico: Primeiros 60 dias após plantio

      Razão: Plantas de algodão são fracas compete mal com ervas daninhas nos primeiros meses

      Métodos de Capina

      Capina Manual:

      • Recomendado para: Pequenas propriedades, áreas irregulares
      • Custo: R$ 200-400/hectare
      • Eficácia: Excelente se bem feita
      • Desvantagem: Lento, caro em grandes áreas

      Capina Mecânica:

      • Método: Cultivador ou enxada rotativa
      • Custo: R$ 100-150/hectare
      • Recomendado para: Grandes áreas, solos sem raízes superficiais
      • Cuidado: Não danificar plantas de algodão

      Capina Química (Herbicidas):

      • Pré-emergente: Aplicar antes do plantio (cuidado com resíduos)
      • Pós-emergente: Aplicar após emergência em estágios iniciais
      • Seletivos: Para algodão (herbicidas específicos)
      • Não-seletivos: Glyphosate em áreas sem algodão

      Programação Recomendada:

      1. Capina química pré-emergente (opcional, em altos infestantes)
      2. Capina mecânica: 20-25 dias após emergência
      3. Capina mecânica: 40-50 dias após emergência 4

 Irrigação e Tratos Culturais

  • Irrigação: importante em regiões de clima irregular, especialmente até o florescimento.

  • Capinas: manuais ou mecânicas nos primeiros 60 dias.

  • Desbaste: pode ser necessário para manter o número ideal de plantas.

  • Controle de pragas e doenças:

    • Principais pragas: bicudo-do-algodoeiro, lagarta-do-cartucho.

    • Use armadilhas, controle biológico e rotação de culturas.


🧺 Colheita do Algodão

  • Ciclo da cultura: entre 130 e 180 dias.

  • Sinais de colheita:

    • Abertura das cápsulas (“maçãs”).

    • Folhas secas e desfolhamento natural ou químico.

  • Métodos:

    • Manual: em pequenas propriedades.

    • Mecanizado: ideal para grandes áreas.


📈 Dicas para Aumentar a Produtividade

  • Rotação com milho, soja ou feijão para controle de pragas.

  • Monitoramento por drones ou sensores agrícolas.

  • Uso de algodão transgênico com resistência a pragas.


✅ Conclusão

O cultivo do algodão pode ser altamente lucrativo quando feito com planejamento e manejo adequado. Com a escolha certa da variedade, práticas sustentáveis e controle eficiente de pragas, é possível obter alta produtividade e qualidade da fibra.

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